quarta-feira, 16 de novembro de 2011

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Esqueci o que ia dizer. Primeiro, que a OMT mudou o jogo pra definição de turista: todos são visitantes, excursionistas ficam um dia e turistas até um ano. Se alguém é pago pra viajar, é turista, se viaja para um emprego, é trabalhador. Depois, esqueci mesmo.


Já falei que quando o mestrado acabar vou ganhar um playstation 3 ???

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

eu procrastino, tu procrastinas...

Então eu tenho que escrever isso; é difícil definir o que é turismo. Amplamente, é o deslocamento de pessoas para lugares diferentes dos de moradia, para conhecê-los ou realizar atividades de lazer, de negócios ou culturais. Por cima, bem por cima. Se definir o turismo assim é difícil, como definir o turista? Aquele que sai do seu local de residência para fazer turismo. Mas quanto ele sai, por quanto tempo? Visitar um parente em Mossoró é turismo? Quase não é, mas pode ser.

Em geral, o turista é colocado lado a lado com o visitante e com o viajante. O visitante é aquele que passa menos de 24 horas e acaba não contando para a estatística. O viajante, por outro lado, é aquele que considera estar em um contato menos rtificial com o lugar do que o turista, que pretende relacionar-se com as pessoas do local, ou conhecer melhor a importância histórica, ou a relevância da viagem do que o turista. Visto pelo viajante, o turista é um superficial alienado.

Mas viajante e turista acabam compartilhando vícios de viagem (importar-se comente com o destino final, por exemplo) ou meios de transporte ou hospedagem. A diferença entre elas, no final, é inteiramente subjetiva.

É isso que eu tenho que escrever.

sábado, 29 de outubro de 2011

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

São tantos sem-noções

Show de Roberto Carlos

Local: Teatro Castro Alves
Data: 18 de novembro, 21h
Ingressos: Inteira R$ 800 (A-P), R$ 600 (Q-Z) e R$ 400 (z1 a z11)


Adiós, Facebook.






Resolvi fechar a conta e passar a régua no facebok, depois de perceber que havia depositado por lá mais do que eu gostaria e constatar que não havia devolução. É tão pouco, minha nêga, mas pra mim chega.

O caso todo da privacidade pode ser acompanhado digitando Max Schrems no Google. O outro caso é a mega dificuldade de se cuidar das próprias informações no face. Algumas coisas são simplesde se apagar, outras não. Seu nome, seu e-mail, o face não larga. Fotos são mais simples, teoricamente, mas as aque você posta em grupos e listas são armazenadas nos respectivos, e você tem de ir lá apagar antes de sair, porque senão a coisa fica.

Isso já tinha chamado minha atenção quando um chegado aqui me reclamou de que saia fechando a conta e quando voltava, tudo estava lá, atualizado. O Facebook não esquece você.

Mas esse não é o maior trabalho. O maior trabalho é confirmar os contatos de cada um dos amigos que você só vê no facebook, porque ao sair você irá perder essa boquinha que arrumaram pra você. Mas tenho certeza que vale a pena: recicla a vida.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Ela

Às vezes ela
no meu sonho
escuta e ri

às vezes ela
no meu sonho
toca em mim

às vezes fala
quase nunca
às vezes sim.

Ela sou eu
se sonho eu
com meu lembrar?

Ela sou eu
que uso dela
para sonhar?

Às vezes ela
quando a vejo
é só sorriso

Às vezes nada
me vira a cara
é meu castigo

Às vezes chora
e se a procuro
já está dormindo.

Que sonha ela
sonha com deuses
ou só comigo?

Que sonha ela
sonha comigo
me ignora?

Será que quando
sonho com ela
sonha comigo?

estranha trama
esta distância
esta frequência

este convívio
em laço onírico
quanto capricho

pois se acordo
sonhei com ela
já não está

se adormeço
ainda é sonho
vou acordar

entre o real
e o lençol
quanto vagar:

preferiria
noites em claro
sem fraquejar

desejaria
sonho acordado
sem despertar

desde que inerte
pudesse tê-la
fosse real

desde que vivo
tê-la ao meu lado
fosse carnal.

Se durmo ou não
o que ela faz
me é negado

se sim eu sonho
sonho comigo
esse é o pecado

sonho com o sonho
de um desejo
que anda ao meu lado

sonho com o sonho
não é com ela
é com o passado.

Pois acordado
se bebe e fuma
e anda nas ruas

se anda com outros
frequenta os bares
é só mais uma

é minha culpa
que no meu sonho
a invento outra

é meu delírio
que fale manso
que troque a roupa

é meu engodo
que teça planos
mexa o cabelo

que ande em nuvens
que diga coisas
meu devaneio

que sonha ela
que mais importa
não é comigo

quem ela sonha
também retorce
é inventado

são isto os sonhos
Entre murmúrios
puro passado.

Quem dera fosse
dizer tranquilo
não sonho mais

quem dera apenas
seguir sonhando
fosse o bastante

pois se é o passado
que a cada noite
deita-se ao lado

não vai embora
fica mais perto
ela distante

será ainda mais
ela impossível
sonho inventado

será mais sonho
cada vez mais
ela presente

será depois
sonho do sonho
sonho dobrado.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

de poeta

Ambiciono, secretamente, um verso elástico.
O canto inútil que grude a língua, tão fácil
Que o povo cante, repita, se canse, repita

Elaboro, silenciosamente, o verso grave
Denúncia inaceitável, de tão dura
Que o povo cante, repita, se canse, repita.


segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Garota na chuva ... ou no verão

A singela e capital diferença entre Edinéia Macedo, Suzana Vieira, Ana Maria Braga e Roberto Justus, é que eles últimos já gravaram um disco e têm muito dinheiro.

Mas Edinéia tem vários clipes, já cantou com Ivete Sangalo e já fez show em praça pública.

Senhores televisionais, #ficadica!

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

perdi no caminho de casa
aquele verso de amor fugaz
o verso secreto
que ia nascer

falava de alguém,
continha ciúmes,
de moças faceiras
trazia o perfume?

esqueci

talvez que dissesse
timidamente
quantas pernas morenas
não me saem da mente

talvez celebrasse
com sons de veludo
carinhos sonhados
para seios duros

talvez que falasse
de quartos fechados
de gritos, espasmos,
mordidas, orgasmos

quem é que me lembra
se eu não escrevi
quem pode sonhar
o que eu não senti

o verso secreto
que ia nascer
perdi no caderno
em que ia escrever

não tem mais poema
nem moça nem peito
nem gozo nem perna
nem som de veludo

esqueci-me de tudo
enquanto pensava
como era o desejo
que eu procurava

terça-feira, 9 de agosto de 2011

estudando gripado - observações fúteis

Tô escrevendo isso -

“Um lugar é a ordem (seja qual for) segundo a qual se distribuem elementos nas relações de coexistência”. Assim, um elemento estaria em relação a outro, “portanto excluída a possibilidade, para duas coisas, de ocuparem o mesmo lugar”, define Certeau (p. 201). Uma vez que o lugar se torna uma configuração de posições, o espaço, por sua vez, “existe quando se tomam em conta vetores de direção, quantidade de velocidade e a variável tempo”. (CERTEAU, p. 202).
As operações, portanto, é que transformam as localizações em cruzamentos e lhe dão contexto significativo. Enquanto cada lugar é estável, o espaço é ambíguo, modificado pelas transformações sucessivas, aponta Certeau, “como a palavra quando falada”. Assim, Certeau pode afirmar: “Em suma, o espaço é um lugar praticado” (p. 202).
É na análise de Merleau-Ponty que Certeau busca apoio para sua tese, indicando que o “espaço geométrico descrito por ele corresponde ao “lugar”, enquanto ao “espaço antropológico” corresponde outra espacialidade mais propícia ao espaço construído no cotidiano, e também nos relatos que incessantemente efetuam o trabalho de transformar lugares em espaços ou espaços em lugares.
Ciente dessa terminologia, Augé (1994) constrói sua proposição do lugar antropológico:
O lugar, como o definimos aqui, não é em absoluto o lugar que Certeau opõe ao espaço, como a figura geométrica ao movimento, a palavra calada à palavra falada, ou o estado ao percurso: é o lugar do sentido inscrito e simbolizado, o lugar antropológico. (ver como é, p. 76)
Augé (1994) considera que a noção corrente de espaço ligada à conquista espacial ou aos lugares “desqualificados ou pouco qualificáveis” como os espaços-lazer ou espaços-jogos o coloca em melhor condição de designar as superfícies não simbólicas do planeta. Uma vez que o termo espaço se aplicaria indiferentemente a extensão, distâncias ou grandezas temporais, como mostrado anteriormente, ele se torna eminentemente abstrato, no dizer de Augé, embora de uso sistemático e pouco diferenciado.
Por espaço aéreo, espaço judiciário e espaço publicitário são designados a parte da atmosfera que um Estado controla, o conjunto institucional e normativo utilizado por uma sociedade e uma porção de superfície ou de tempo destinado à publicidade, aponta Augé, acrescentando que o termo espaço ainda pode evocar salas de espetáculo ou de encontro, jardins, assentos de avião ou modelos de automóveis, o que indicaria tanto a sua voga quanto a abstração que o esvazia “como se os consumidores de espaço contemporâneo fossem, antes de mais nada, convidados a se contentar com palavras.” (1994, p.78).
Assim, em O sentido dos outros, Augé (1999) define o lugar antropológico como sendo “o lugar do ‘em casa’, o lugar da identidade partilhada, o lugar comum àqueles que, ao habitá-lo juntos, são identificados como tais por aqueles que nele não o habitam” (p. 134). É ainda “simultaneamente princípio de sentido para aqueles que o habitam e princípio de inteligibilidade para quem os observa” (AUGÉ, 1994, p. 51).
Sua escala é variável, podendo ser a casa, a choupana, a aldeia ou “tantos lugares cuja análise faz sentido, porque foram investidos de sentido, e porque cada novo percurso, cada reiteração trivial, conforta-os e confirma sua necessidade” (AUGÉ, 1994, p.51).
Os lugares antropológicos são identitários, relacionais e históricos – definem possibilidades, prescrições e proibições de conteúdo espacial e social. Nascer é nascer num lugar, ser designado à residência – o lugar de nascimento é constitutivo da identidade individual; Relacional porque coexiste entre construções partilhadas de lugar; Por fim, o lugar antropológico é necessariamente histórico a partir do momento em que, conjugando identidade e relação, se define por uma estabilidade mínima, baseada não na história enquanto ciência, mas na relação com os antepassados, com os mortos e com a tradição. “O habitante do lugar antropológico não faz história, vive na história”, diz Augé (1994, p.53).
Em suma, o lugar antropológico corresponde à idéia que os habitantes têm da sua “relação com o território, com seus próximos e com os outros”, definindo assim um contexto constitutivo partilhado entre define usos, valores e comportamentos. Sua formulação por Marc Augé (1994, 1999) o aproxima dos espaços de Certeau (ver o ano certo) no que podem ter de prática, de uso e de escrita do lugar.
Se um lugar pode se definir como identitário, relacional e histórico, um espaço que não pode se definir nem como identitário, nem como relacional, nem como histórico definirá um não lugar (p. 73)

--

e tenho que continuar com o texto.

Mas paro pra observações fúteis:

1 - sobre o deputado que devolveu o dinheiro: minha gente, se ele devolve o dinheiro, a bufunfa vai pra conta do tesouro e se reintegra ao orçamento no ano que vem. Então, esse dinheiro ainda pode virar metrô fantasma ou a Usina de Belo Monte.
O que eu espero é que, sem viajar, sem assessores, sem auxílio fardão, ele ainda consiga ser producente e fazer mais que escolher feriados insanos ou nome de escolas. Aguardo.

2 - Se o quebra-pau de London London fosse na cidade maravilhosa, hein?

3 - Saudades de Jorge Amado são sentidas e merecidas, mas o que é o fardão de Roberto Marinho na ABL?

4 - Quem quiser viver muito não ande em Fazenda Grande do Retiro domingo de noite. Avisado.

5 - QUEM É CAF?

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Balada de Gisberta e Isaac e todos eles e todas elas.

Esta carta, como o assassinato de Gisberta, ocorreram em 2006. Ninguém foi preso e Gisberta teve sua morte registrada como agressão seguida de afogamento.

Exm@s. Senhores/as:

Tomámos conhecimento que Gisberta, imigrante brasileira, transexual, seropositiva, toxicodependente, prostituta e sem-abrigo, foi encontrada morta a 22 de Fevereiro num edifício inacabado na cidade do Porto e que o crime foi confessado por um conjunto de 14 rapazes, entre os dez e os 16 anos, a maior parte deles provenientes de uma instituição de acolhimento de menores ligada à Igreja Católica.

Sabemos igualmente que a vítima mortal era frequentemente perseguida pelos rapazes, com insultos e agressões. Sabemos que segundo os relatos, a 19 de Fevereiro, um grupo destes rapazes entrou no edifício onde Gisberta pernoitava, amarrou-a, amordaçou-a e agrediu-a com extrema violência, a pontapé, com paus e pedras. Que o grupo igualmente terá introduzido paus no anús de Gisberta, que apresentava grandes escoriações nessa zona do corpo, a queimou com pontas de cigarro e abandonou-a no local. Que a 20 e 21 de Fevereiro, voltaram ao local e repetiram as agressões. Que na madrugada de 21 para 22 de Fevereiro, atiraram finalmente o corpo de Gisberta para um fosso, numa tentativa de ocultação do crime, e que a autópsia esclarecerá se então a vítima se encontrava ou não viva, embora o facto de o corpo não se encontrar a flutuar, mas sim submerso no fundo do poço, pareça indicar que esta faleceu por afogamento nesse momento.

Tudo indica que o caso foi amplamente divulgado pelos media portugueses nos dias 23 e 24 de Fevereiro, mas de forma errónea e tendenciosa. Enquanto parte da comunicação social nacional falava do assassinato de "um travesti", boa parte destes referiu apenas a condição de "sem-abrigo" ou de "sem-abrigo, prostituta, toxicodependente" de Gisberta, referida também por parte da imprensa como Gisberto, o seu nome legal. Em consonância com esta omissão, desde logo, antes mesmo de serem conhecidos quaisquer pormenores sobre o crime ou sobre a própria identidade e características pessoais da vítima, inúmeros jornais deram eco a artigos de comentadores conhecidos pela sua oposição aos direitos LGBT em Portugal, sustentando que o caso não podia ser classificado como um "crime de ódio" e que não seria legítimo considerar qualquer possível relação com a transexualidade de Gisberta entre as motivações para o assassinato, tendo sido argumentação utilizada nesse sentido foi invariavelmente a idade menor da maioria dos confessos agressores.

Sabemos também que, simultaneamente, foram e continuam a ser ignorados pelos media os comunicados emitidos pelas associações lgbt, esclarecendo a "transexualidade" e identidade da vítima e exigindo medidas legais e sociais de combate às discriminações e de protecção contra os crimes de ódio em função de identidade de género, orientação sexual, condição social, doença ou origem nacional, embora tenha sido superficialmente noticiada uma vigília de solidariedade com Gisberta apoiada pelas associações LGBT que teve lugar na noite de 24 de Fevereiro. Mas, mais uma vez, os media portugueses omitiram a argumentação das associações representadas no sentido de não se ocultar a transexualidade da vítima nem que a discriminação transfóbica pudesse estar entre as prováveis motivações para o crime.

É sabido também que, evitando falar em "crime de ódio" com o argumento da idade dos agressores, e com a excepção de poucos políticos que se expressaram individualmente, nenhum partido político português emitiu uma posição sobre o crime ou o condenou publicamente. Que, do governo português, a única reacção até ao momento veio do ministro responsável pelas instituições de menores que se limitou a declarar-se "chocado", embora instaurando um inquérito à instituição que acolhia os menores. Que estes, à excepção de um rapaz de 16 anos já responsabilizável criminalmente e que se encontra em prisão preventiva, foram devolvidos à instituição e se encontram em regime de semi-liberdade sem que seja conhecida qualquer outra medida destinada aos confessos agressores.

Estranhamos, tal como as associações LGBT portuguesas, que a maioria dos jornais não tenha publicado nenhuma fotografia da Gisberta, de forma a atribuir publicamente, pelo menos, um rosto humano à vítima. Estranhamos que os media portugueses e os seus comentadores tenham concentrado o "choque" pelo crime apenas na idade dos agressores, e não tanto no resultado da morte de uma cidadã. Que tenham dado eco a insinuações do padre responsável pela instituição de menores, que chegou a afirmar publicamente que um rapaz da instituição estaria a ser "molestado" por um pedófilo, o que seria uma "circunstância atenuante".

Estas declarações não levaram à publicação de qualquer declaração pública de indignação.

Estranhamos também que os dados revelados dia 24 sobre as sevícias sexuais sofridas pela vítima, bem como a possibilidade de esta se encontrar viva quando foi atirada ao fosso, apenas tenham sido publicados uma vez isolada por um jornal do Porto. Não compreendemos que, apenas quatro dias após ter sido denunciado o crime, haja um subito silêncio da quase generalidade dos media portugueses sobre este crime.

Perante um terrível assassinato que se configura como um muito provável crime de ódio, perante a omissão tendenciosa da componente sexual e transfóbica do mesmo, perante uma aparente tentativa mediática e política de desculpabilização do crime em si, de omissão da componente "ódio" na morte de uma pessoa que acumulava tantas exclusões sociais, perante tentativas de culpabilização da vítima e de "abafamento" público deste caso, vimos por esta via expressar:

-A nossa total solidariedade com a vítima e com @s activistas portugueses que se encontram a tentar esclarecer os factos, a honrar a memória de Gisberta e a exigir medidas de prevenção e combate às discriminações, sem excluir legislação de protecção contra os crimes transfóbicos, lesbofóbicos, homo ou bi-fóbicos.

-A nossa exigência de respeito pelas posições defendidas por parte d@s mesm@s activistas, e de efectivação das medidas que estes têm vindo a defender como urgentes;

-A nossa total incompreensão para com o comportamento dos responsáveis políticos e dos media portugueses na gestão deste caso, para com a deturpação dos factos ocorridos e a ausência de respostas adequadas à gravidade da situação descrita. Uma situação de desrespeito pelos direitos humanos mais elementares, que não podemos qualificar apenas de inadmissível num país da União Europeia em pleno século XXI.

Grupo Panteras Rosas

Ver isto:
http://psicogenero.blogspot.com/2011/04/transfobia.html
e isto:
http://www.youtube.com/watch?v=e4Kn6AgcfhY


Isaac Souza Matos foi morto no dia 11 de julho, nem faz um mês. O silêncio, no entanto, é como o silêncio de décadas. Ouvi de tudo até hoje, inclusive contra a prevenção da homofobia nas escolas. Só não ouvi uma resposta.


Ilmo. Sr. Governador do Estado da Bahia, Jaques Wagner
Ilmo. Sr. Secretário de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos do Estado da Bahia, Almiro Sena
Ilma. Sra. Delegada de Polícia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Andreia Ribeiro


Assunto: pedido de urgência nas investigações da morte de Isaac Souza Matos

A Associação Brasileira de Estudos da Homocultura (ABEH), que integra e aqui também representa o Conselho Nacional LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais), criado em março de 2011 pela presidenta Dilma Rousseff, solicita a agilidade e a elucidação dos crimes envolvendo vítimas LGBTs registrados no Estado da Bahia.

A ABEH foi criada em 2001 e congrega professores/as, alunos/as de graduação e pós-graduação, profissionais, pesquisadores/as, ativistas e demais interessados/as na diversidade sexual e de gênero.

No último dia 11 de julho, em Salvador, o estudante de Psicologia, Isaac Souza Matos, de 24 anos, foi encontrado morto dentro do apartamento onde morava com o seu companheiro, o psicólogo Gilmario Nogueira, que é um pesquisador das relações entre a cultura e a sexualidade na Universidade Federal da Bahia, junto ao Programa Multidisciplinar de Pós-graduação em Cultura e Sociedade.
Isaac também pesquisava a sexualidade e era um ativista LGBT em Salvador. Organizava, junto com seu companheiro, uma atividade quinzenal para acolher pessoas que sofrem em função da sua orientação sexual e para discutir questões sobre o assunto através da exibição de filmes. As circunstâncias apontam que a motivação central do crime pode ter sido a homofobia.

Solicitamos que a Polícia Baiana investigue e solucione esse e os demais casos já registrados. A impunidade só dá impulso para que outras pessoas se sintam autorizadas a violentar e matar outras pessoas pelo fato delas serem lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais ou transgêneros.

Leandro Colling
Presidente da ABEH e integrante do Conselho Nacional LGBT

Apagaram-se as luzes
É o futuro que parte...

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Espaço-lixo

O coelho é a nova carne de vaca… Porque detestamos o utilitário, condenámo-nos a uma imersão por toda a vida no arbitrário… LAX [Aeroporto de Los Angeles]: orquídeas de boas-vindas – possivelmente carnívoras – no balcão do check-in… A «identidade» é a nova comida lixo dos deserdados, o pasto da globalização para os privados de direitos… Se o lixo espacial são os resíduos humanos que conspurcam o universo, o espaço lixo é o resíduo que a Humanidade deixa sobre o planeta. O produto construído (voltaremos a este caso mais adiante) da modernização não é a arquitectura moderna, mas antes o espaço-lixo. O espaço-lixo é o que resta depois da modernização seguir o seu curso, ou mais concretamente o que se coagula enquanto a modernização está em marcha, o seu resíduo. A modernização tinha um programa racional: partilhar as bênçãos da ciência, universalmente. O espaço-lixo é a sua apoteose ou a sua fusão. Embora cada uma das suas partes seja o resultado de inventos brilhantes, lucidamente planeados pela inteligência e potenciados por computação infinita, a sua soma augura o fim do Iluminismo, a sua ressurreição como uma farsa, um purgatório desvalorizado… O espaço-lixo é a soma total do nosso êxito actual; construímos mais do que todas as gerações anteriores juntas, mas de certo modo não nos registamos nas mesmas escalas. Nós não deixamos pirâmides. De acordo com o novo Evangelho da fealdade, há já mais espaço-lixo em construção no século XXI do que o que sobreviveu no século XX… Foi um equívoco inventar a arquitectura moderna para o século XX. A arquitectura desapareceu no século XX; temos estado a ler uma nota de pé de página com um microscópio, na esperança que se transforme num romance; a nossa preocupação com as massas impediu-nos de ver a Arquitectura do Povo.

- Rem Koolhas
(excerto inicial do texto Espaço-lixo, traduzido por Luís Santiago Baptista para a Editorial Gustavo Gili – Rem Koolhas, Três textos sobre a cidade, 2010)

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Drummond

ASSANHAMENTO
8.VIII.1970

Que venha o censo de 70
e com ele venha
a recenseadora mais bacana,
aquela que ao dizer, com voz de acúcar
(a doce voz é a melhor senha):
"Preencha direitinho
este questionário, por favor",
tenha sempre dos homens a resposta:
"Por você, minha flor,
preencho tudo, sou capaz até
de reclamar duzentos questionários,
passando a vida inteira a preenchê-los,
mesmo os mais complicados e mais vários,
tendo-a ao meu lado, é claro, a me ajudar."
Ah, por que o Governo
não faz todo ano um censo cem por cento
com uma garota assim, a censear?
Por que não reformula
a engrenagem severa da Fazenda
e bota a coleção dessas meninas
cobrando a domicílio
(pois resistir quem há-de ao seu veneno)
todas as taxas, todos os impostos,
inclusive - terrível - o de renda?

Carlos Drummond de Andrade (Amar se aprende amando)

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Evangelho Segundo Jesus Cristo, de Saramago: Passagem.

O remorso de Deus e o remorso de José eram um só remorso,
e se naqueles antigos tempos já se dizia, Deus
não dorme, hoje estamos em boas condições de saber
porquê, Não dorme porque cometeu uma falta que nem
a homem é perdoável. A cada filho que José ia fazendo,
Deus levantava um pouco mais a cabeça, mas nunca virá
a levantá-la por completo, porque as crianças que morreram
em Belém foram vinte e cinco e José não viverá
anos suficientes para gerar tão grande quantidade de filhos
numa só mulher, nem Maria, já tão cansada, já de
alma e corpo tão dorida, poderia suportar tanto. O pátio
e a casa do carpinteiro estavam cheios de crianças e era
como se estivessem vazios.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Vós.

Passando só pra dizer que o pronome vós só é utilizado na Bíblia e no teatro de Shakespeare, sendo assim quando eu vou usar o "vous" em francês ica parecendo que estou declamando o sermão da montanha, então eu uso o "tu", que quer dizer você, então fica parecendo que eu sou um jegue pré-histórico selvagens-bárbaros. Vós e ocêis.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

O bilionário BRT

Salvador está sangrando em silêncio. Uma hemorragia. Um rio. Desde 99, e mesmo antes, essa ferida está aberta. Agora o tumor já está instalado e não há o que fazer com ele. Mede metros e mais metros de altura, pesa toneladas de concreto e se estende por seis quilômetros de pilastras fálicas e pistas inconclusas, romances de concreto, asfalto e terra sobre nossas cabeças, sem contar os outros seis humilhantes quilômetros que nos tiram da cidade para lugar nenhum.

Falo do metrô, se ainda não pareceu.

Quando surgiu, em um horário político do pfl de imbassaí, era uma provocação: olha como nós sugadores e viúvos de empresários conseguiremos transformar barroco em 2012, uma odisséia! conseguiram. No começo não consguiam explicar porque os trens do subúrbio não poderiam ligar-se à nova rede do metrô. A bitola, diziam, a abertura dos trilhos de um e do outro não são compatíveis, os vagões de um e de outro não podem conviver. E colocaram as pernas no frankstein.

Depois, silêncio sobre a liberdade. Planos inclinados e afins para distrair.
Depois, um viaduto e o metrô copulando no ar.
Depois, um tobogã nunca antes visto na história desse país.
Depois, vagões pagando aluguel mais caro do que no banheiro da suíte de ivete.
Depois, o cqc e o caso das estações sem banheiro e do tobogã sem pai.
Depois, o exército e a revista das contas subversivas. Agora isto.

Passaram Imbassaí duas vezes, João duas vezes, e o bicho nada. desculpa daqui e dali. Quem quer que tenha andado em Barbés-Rochechouart ou em uma estação de maria fumaça sabe que um trem é um negócio de dois trilhos e uma rampa pra se alcançar a porta, pronto.

Agora isto.

Depois de dizerem, depois de nós dizermos mil vezes, João Bobão vem e diz que assim como ele tinha dito é que não poderia ter sido.

A verdade é que tem um coletivo de hienas esperando esse projeto sangrar. Tem um comboio de empresários esperando pra colocar seus ônibus nosso derriére adentro.

Tem gente provando no "salvador em Movimento" um blog que o A tarde (na linha dos 170 demissionáveis, da entrevista censurada de ivete etc) acoberta, digo, hospeda, e que o SETPS imprime e distribui, que O brt é a solução, por exemplo, para a paralela.
Ônibus solução para paralela? por que alguém andaria do Le Parc até o centro da paralela por passarelas equilibristas pra pegar um ônibus atrasado? Porquê um veículo movido a derivados de petroleo é preferível a um elétrico? como resolver tráfego com mais tráfego?


Aí, não fosse nada, não tivesse nada, vem joão bobão e corta o negócio pelo meio dizendo que é muito caro, pra depois dizer que curto é que é muito caro e que assim não vai poder por que "ninguém vai andar no metrô".

É demais.

Esse cara ganhou de Walter Pinheiro.
Se você votou em João Bobão, taí.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Carnaval, esta palavra que quem não entende disfarça de desculpas pra continuar sendo chato mesmo quando o acordo geral é de suspender os disfarces e revelar a fantasia.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Estava mais angustiado
Que
um goleiro na hora do gol


Procurando esse trecho de viver para contar em que mãe e pai se juntam num dueto de boleros, quando a mãe percebe que os erros do pai se ligam às lágrimas que ele derrama, e pára tudo com algo como. achei. Quem me dera um dueto.

En esa misma época mis padres me causaron un percance emocional que me dejó una cicatriz difícil de borrar. Fue un día en que mi madre sufrió una ráfaga de nostalgia y se sentó a teclear en el piano «Cuando el baile se acabó», el valse histórico de sus amores secretos, y a papá se le ocurrió la travesura romántica de desempolvar el violín para acompañarla, aunque le faltaba una cuerda. Ella se acopló fácil a su estilo de madrugada romántica, y tocó mejor que nunca, hasta que lo miró complacida por encima del hombro y se dio cuenta de que él tenía los ojos húmedos de lágrimas. «¿De quién te estás acordando?», le preguntó mi madre con una inocencia feroz. «De la primera vez que lo tocamos juntos», contestó él, inspirado por el valse. Entonces mi madre dio un golpe de rabia con ambos puños en el teclado. —¡No fue conmigo, jesuita! —gritó a toda voz—.Tú sabes muy bien con quién lo tocaste y estás llorando por ella.


No dijo el nombre, ni entonces ni nunca más, pero el grito nos petrificó de pánico a todos en distintos sitios de la casa. Luis Enrique y yo, que siempre tuvimos razones ocultas para temer, nos escondimos debajo de las camas. Aida huyó a la casa vecina y Margot contrajo una fiebre súbita que la mantuvo en delirio por tres días. Aun los hermanos menores estaban acostumbrados a aquellas explosiones de celos de mi madre, con los ojos en llamas y la nariz romana afilada como un cuchillo. La habíamos visto descolgar con una rara serenidad los cuadros de la sala y estrellarlos uno tras otro contra el piso en una estrepitosa granizada de vidrio. La habíamos sorprendido olfateando las ropas de papá pieza por pieza antes de echarlas en el canasto de lavar. Nada más sucedió después de la noche del dueto trágico, pero el afinador florentino se llevó el piano para venderlo, y el violín —con el revólver— acabó de pudrirse en el ropero.

Hoje.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

o discurso de formatura (que nunca é falado)

Aos formandos de Arquitetura e Urbanismo da UFBA, turma de 2010.2.

Meus queridos,

Em 2004, quando me tornei funcionário da UFBA, alguns de vocês ainda estavam suando sobre apostilas de terceiro ano sonhando com o vestibular, outros eram calouros numa universidade tumultuada por uma greve de seis meses e lá vai. Naquele tempo em que não havia nem matrícula, nem impressão de comprovante e nem conferência de histórico pela internet, ir até o colegiado e fazer trezentas listas e pedidos era uma constante. Em pouco tempo fiquei responsável por dizer aos 120 calouros, um por um, onde ficava a sala do ateliê, como fazer pra cadastrar o smart-card, quem era o tal do Chango, enfim.

Lembro bem que uma das minhas primeiras ações foi "proibir" as procurações com as quais os alunos presenteavam as mamães e viajavam para as festas de são joão e férias de verão. Se algum de vocês foi matriculado numa disciplina que terminava às nove da noite em são lázaro, peço desculpas agora.

Lembro também que passei a utilizar, ainda que informalmente, o orkut como canal pra esclarecer e informar sobre o que se passava na universidade. Desde então, não há lugar do mundo em que eu possa me esconder, mas, diante do que vi do meu lugar na mesa solene esta noite, diante do que vocês fizeram a partir de informações simples que eu tinha, não me arrependo.

Digo isto pensando que o meu trabalho é quase sempre muito simples. Basta dizer que de um diploma para outro o que muda é o nome do aluno. Todo o trabalho para que um nome possa estar escrito ali não vem de mim, nem de outro funcionário, nem do mais ilustre e experiente professor. Vem do aluno.

Em outros momentos, o trabalho consiste em não atrapalhar. Não deixar que as notas atrasadas, que o "sistema" esquizofrênico ou que a burocracia doentia se tornem obstáculos entre vocês e aquilo que lhes é garantido por lei e por merecimento.

Em alguns anos, quem sabe, toda a documentação e a maior parte dos serviços necessários para que alguém conclua um curso superior passe a ser feita por um computador. Talvez as bibliotecas sejam equipadas com estantes inteligentes, capazes de fazer pesquisas e indicar livros baseando-se em palavras chave, assuntos ou "algoritmos padrões". Desde já, eu procuro pensar que tudo o que um cérebro eletrônico puder fazer, somado, é igual ao mínimo minimorum que eu devo fazer. Nem sempre consigo, nem sempre é possível. Mas a consciência disso existe.

Sendo assim, tenho que dizer que o grande trabalho, os 99,999% do trabalho feito por vocês alunos é que merece uma justa homenagem. Conquistaram respeito estagiando em pequenos e grandes escritórios e empresas, conquistaram respeito e aprovação de professores competentes, conquistaram outros pasíses participando de programas de intercâmbio, conquistaram o tfg, o diploma, o direito de viver do suor do próprio trabalho. O direito de mudar o mundo, ou pequenas partes deles. Parabéns. Parabéns porque venceram, porque lutaram. Porque conquistaram também uma nova consciência da vida em sociedade.

Vocês juraram "jamais atentar contra a dignidade da pessoa humana", e nada mais indigno do que as condições de moradia da maior parte da população da nossa cidade, do nosso estado, do nosso país, do mundo subdesenvolvido. Eis o desafio. Que a vida lhes dê condições de resistir e de enfrentá-lo.

Esta foi a maior turma de formandos em Arquitetura que eu já vi, e talvez a maior em muitos e muitos anos. Será difícil encontrar a faufba sem quarenta e tantos alunos com quem convivi. Agradeço muito a vocês a oportunidade de me despedir de cada um em traje de gala e com o coração cheio de amor.

Obrigado por tudo, sucesso e disposição.
Até breve,

Pedro Laurentino

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

::corações a mil::

Gilberto Gil

Minhas ambições são dez
Dez corações de uma vez
Pra eu poder me apaixonar
Dez vezes a cada dia
Setenta a cada semana
Trezentas a cada mês

Isso, sem considerar
A provável rebeldia
De um desses corações gamar
Muitas vezes num só dia
Ou todos eles de uma vez
Todos dez
Desatarem a registrar
Toda gente fina
Toda perna grossa
Todo gato, toda gata
Toda coisa linda que passar

Meus dez mil corações a mil
Nem todo o Brasil vai dar

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

@wedafux é como eu estou aprendendo a usar o twitter, esse negócio. Juro solenemente que jamais avisarei a hora do banho.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Paris, Setembro, 2007

Eu te proponho um beijo quente
pra aquecer o coração
beijo pimenta de aguardente
com gosto de sol de verão

A gente esquece da saudade
se ama com muita vontade
apaga a dor de se lembrar

Eu te proponho um beijo imenso
intenso como nosso amor
um beijo pleno de desejo
seja como esse beijo for